“Você tem que mostrar a sua indignação, mas que ela seja bem vinda”

Publicado: agosto 28, 2007 em Música, escrever, sentir..., Política, Reflexões

Frase interessante. Deveria ser repetida mais vezes por aí. Se bem que o problema de frases como essa nunca é a quantidade de vezes que é repetida. Nah, palavras bonitas vivem sendo repetidas todo o tempo. Na tv, na política, na faculdade, no trabalho, no orkut, em todos os lugares. Sempre se fala de amor ao próximo, amizade, companheirismo, amizade, respeito, solidariedade. É, o problema do mundo não é falar.

Ser responsável é difícil. Olhar pros valores que você acredita que tem e depois olhar pra sua vida não é uma experiência fácil para a maior parte de nós.

Mas é importante. Questionar sempre não só o mundo ao nosso redor, mas nós mesmos. O comodismo e a insegurança não são apenas alienantes: são amarras que nos impedem de lutar pelo que verdadeiramente nos faz bem.

Eu não sei. Existem momentos em que eu sobrevivo, existem momentos em que eu vivo. E estes últimos são muito mais intensos quando minhas atitudes refletem meus pensamentos e  sentimentos. É muito mais intenso quando estou fazendo o que eu sinto que deveria fazer.

E intensidade é uma coisa que procuro muito. Às vezes parece até que a leveza, em um mundo como o nosso, é de certa maneira uma traição a gravidade da ideologia em relação a situação em que nos encontramos.

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“Pra quem acorda seis e meia da manhã, e não sabe o que está fazendo no lugar onde vai.
Se essa dúvida passa pela sua cabeça, preste atenção: é mérito a gente ter um trabalho num país onde muitos não tem essa possibilidade

Se a gente tem agradeça, levante as mãos mas não pare por aí!
Não basta, em cada gesto a gente tem que mostrar aquilo que a gente pensa, a nossa indignação da maneira que for

Mas que ela seja bem vinda, senão ela se torna o mérito e o monstro.”
(Fernando Anitelli)

O Teatro Mágico – O Mérito e o Monstro

O metrô parou
O metro aumentou
Tenho medo de termômetro

Tenho medo de altura
Tenho altura de um metro e tanto
Me mato pra não morrer

Minha condição, minha condução
Meu minuto de silêncio
Os meus minutos mal somados
Sadomasoquismo são

Meu trabalho mais que forçado
Morrendo comigo na mão

A maioria das pessoas passa de oito a doze horas por dia
fazendo coisas que não fazem sentido na vida delas
PERMITA-SE! PERMITA-SE!

Pra dilatarmos a alma
Temos que nos desfazer
Pra nos tornarmos imortais
A gente tem que aprender a morrer
Com tudo aquilo que fomos
E tudo aquilo que somos nós

comentários
  1. Melina disse:

    Eu concordo com você.
    Nós não temos problemas em falar, ainda mais no mundo tecnológico que temos hoje, onde frases são expostas em profiles de orkut, virando filosofia de vida.
    Eu acho que as pessoas deveriam falar menos e agir mais.
    Tá, falei uma coisa que todo mundo fala.
    Mas, eu, pelo menos tento cumprir com as minhas palavras e tento não falar coisas que não sou capaz de realizar.
    Falar SEMPRE foi muito FÁCIL e eu me deparo com pessoas que falam, falam, falam e no final não têm a capacidade de fazer metade do que eu faço e só sabem julgar. E cara, isso é ridículo.
    Mas, é claro. É necessário que as pessoas começam a agir e lutar pelos seus direitos…

    :*

  2. Sheila disse:

    “Ser responsável é difícil. Olhar pros valores que você acredita que tem e depois olhar pra sua vida não é uma experiência fácil para a maior parte de nós.”

    Às vezes, quando a vida nos fecha uma porta, ou alguém nos decepciona, é que nos lembramos dos antigos valores que fomos perdendo pelo caminho.Vemos o que fizemos de nossas vidas…

    Concordo que ser responsável é difícil e encarar nossas verdades também. Mas, é preciso.

    Mais cedo ou mais tarde, a responsabilidade chega. E isso implica em cuidar não só de nós mesmos, mas do mundo ao nosso redor.

    Um grande abraço!

  3. Colombina disse:

    Por causa de letras como essa é que adoro Teatro Mágico. Isso paraliza, deixa a gente vidrado… igual quando você passa em frente uma loja e vê AQUELE produto. Quando criança você ficaria horas alí em frente, só olhando… vidrado.

    Olha, não distinguo quando vivo ou sobrevivo. O coração bate, respiro, tô viva. Fosse assim seria simples, sei que o sentido de vida nesse texto não é. Tem vez que começo a fazer o que gosto e outras começo a gostar do que faço. Parece que as pessoas só sentem-se vivas quando estão se divertindo ao máximo. Mas vida não é só diversão. Quem não gosta de todos seus sabores separa viver de sobreviver. E esperneia quando prova algo amargo.

  4. Carol disse:

    Gabriel,

    Seu texto é instigante, provocador.

    Fala de não acomodar-se…

    Acho que a peça que assisti também fala disso.

    Estou tendo uma semana de boas reflexões então…

    Ontem encontrei a Sônia, na volta para casa. Falamos muito de livros e caminhos. Terias gostado de estar ali, tracando idéias com ela.

    Bom, também estou com saudades.

    Mas como diz o poeta: ” a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro.”

    Beijos e ótimo final de semana para nós!
    Carol

  5. pedro keppler disse:

    espero que “expressar indignação, mas que seja bem vinda” seja uma ironia Gabs…

  6. gabrielneves disse:

    “mas que ela seja bem vinda” significa que ela deve ser produtiva Keppler. Claro que não podemos esperar que nossa indignação seja recebida com bons olhos por quem só quer manter o status quo, mas devemos lutar para que dela resulte bons frutos.

  7. Mariana Rosa disse:

    Adeus é, adeus!
    Mãos para cima, lencinhos brancos, lágrimas. acho uma boa palavra: lembra o período das grandes navegações, sabe?

  8. Melina disse:

    Vim avisar que te desafiei no meu blog, se quiser, pode aceitar 🙂
    Está demorando para postar :~
    Quero ler os seus textos o/
    *-*

  9. Cris disse:

    Olá!
    Eu estava sumida daqui, mas sempre que apareço encontro textos como este, que nos fazem refletir. Questionar o mundo é isso: assumir a indignação como uma possibilidade de progresso sempre, descruzar os braços, tentar fazer mais que apenas falar.
    Cá estou eu de novo, ficando desiludida com política e com o povo. Porque o Brasil está numa polaridade ideológica tão burra, que me irrita. O fanatismo faz com que as pessoas fechem suas cabeças pro questionamento, idiotizem-se. E isso me preocupa.
    Mas, enfim, já é problema meu…
    Passei mais pra rever seus textos e me desculpar pelo meu sumiço.
    Abração!

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